Introdução Bartholomeu Salazar

- Perdoe-me a ousadia, Senhorita. - dizia notada mente desconcertado diante da possível invasão.

- Não fora meu intuito ser deveras indiscreto.. Digo pois acreditava que a noite havia de ser apenas perturbadora para mim... Todavia, ao notar suas faces aflitas, tive a convicção de que não apenas era uma "infeliz" coincidência... - Batucava com os dedos sobre a madeira toda riscada da mesa.

- Afinal... Quais as chances de TODOS aqui serem afligidos por pesadelos capazes de fazer homens que já banharam em visceras e sangue, tremerem? - e levanto-me enquanto mandava em direção a jovem cainita, tomando-lhe a mão direita com ambas as mãos.

Beijando suavemente do dorso das mãos,  não desprego os olhos dos delas, ainda mantendo a postura de arrependimento.

- Quanto aos comerciantes... Agradeço o aviso...Prometo não ser responsável por nenhum alvoroço. - finalizando a reverência com uma piscadela, volto aos homens.

- Atallu, Adrian e Papillon.. Vocês vão comigo fechar os negócios e depois, quando a noite cair, espero que ambos estejam dentro do barco... Eu e Atallu podemos aguardar o Santo Padre! - dizia enquanto sigo a passos firmes em direção ao convés.

Pego o chapéu, o sobretudo de couro pesado e grosso, além de envolver o rosto com panos, expondo apenas os olhos. A pesada roupa servia-lhe para proteger da luminosidade, junto com as grossas luvas. E mesmo assim, mantenho-me sobre cobertura do madeirame e velas, para impedir que os raios do Sol, enquanto outro conduzia o barco.

- Atar as velas! Apertar as cordas! Revisar as amarras! Vamos aportar novamente! E quando a noite cair, espero que já estejam aqui e carregados! Ou vão ter que ser babás de zumbis ou a sorte de assombrações que esta terra amaldiçoada carrega! Mexam-se! - Gritava a plenos pulmões, para a tropa que se movia a sua frente.

Ouso experimentar a proteção da roupa fora das coberturas. Enquanto via ao longe as demais embarcações e os homens se movendo como formigas.

- Devido ao avançar da hora, sugiro que cada qual procure aqueles que já haviam contatado e aceitassem o carregamento amanhã cedo de toda a mercadoria, com o devido pagamento acordado no momento da entrega. Vejo vocês mais tarde.. - e ao dizer isto, sigo por entre as barracas.

Caso houver algo além do citado, que roubasse minha atenção, eu perco meu tempo, caso contrário, apenas levo alguns filhotes daqueles "bezerros" que chamavam de cachorros, que realmente me atraíram bastante.

Depois disto, sigo a passos ágeis em direção a pequena igreja para ver como estava o sacerdote.

Quando o cheiro do cachimbo rouba minha atenção, escuto o chamado, detendo o avanço e virando lentamente. Os passos afundaram entre neve e terra, uma mistura escura que, lentamente ia se transformando em algo parecido ao barro.

- Hmm.. - era apenas o som que fiz quando ele conclui a explanação e, de certa maneira, foi capaz de semear a curiosidade.

As lendas que havia escutado até remetiam a algo assim, mas viveu tempo suficiente para saber que muita coisa devia ser questionada mas, ao observar aquela aberraçãoenorme com a cria do Xerife,  sua curiosidade estava aguçada.

"Maldito seja..." - já se aproximava do exemplar, observando-o de modo a avaliar se havia algo de  especial ou se aquele mesmo homem acreditava nas próprias palavras.

- Diga-me, meu bom homem, o que lhe motiva então desfazer de tal especiaria como esta? - dizia com um tom suave e encantador, ao mesmo tempo sondando-o.

Iniciava a dança do dinheiro naquele momento.

- Além disto... O que seria... Ao vosso ver, um preço justo, neste caso em particular? - estava curioso e atraído mas buscava disfarçar.

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- Para os de Abel não sei dizer, afinal ele sequer deixou descendentes! - e abre um sorriso maroto quebrando o gelo.

- Então um Amaldiçoado reconhece outro... Interessante... - e deixando de lado a brincadeira, aproximo do filhote e do homem.

Um pedido ousado para adquirir a possibilidade de acesso ao seu sangue que, sabia ser único.  O desgraçado gostaria de acessar seus segredos por um maldito cachorro? Seria divertido explorar isto, afinal.

- Deixe-me provar a magia deste animal.. - o sutil comando era implantado com sua doce voz, enquanto com uma faca, furava-lhe a orelha ao ponto apenas de retirar uma gota de sangue e provo.

Será que este Gangrel era conhecido? Já havia o visto antes? Será ele aquele que sobreviveu?

"Malditos nórdicos e seus pedidos surreais.. Deve imaginar que somos idiotas?" - torcia o sorriso enquanto retirava a luva da Mão esquerda.

- O Sangue é Sagrado... Tanto nk Sul quanto no Norte..." -
Segurando com a mão direita, luva e punhal, cortava a pele palida e de veias aparentes e azuladas, que não sangrava apesar do ferimento.

A lâmina é levada aos lábios enquanto eu limpava o metal já gasto e bastante usado.

Com a mal ferida, aprendo entre a palma um lenço branco que,  lentamente, vai adquirindo a tonalidade rubra.

- Não pense que, por não pagar o seu preço, temo sangrar... Já paguei o preço de Sangue de tantas maneiras,  que satisfaria seus Deuses por décadas... Pode significar Benção mas a muitos já foi Ruína! - apesar do ferimento, em nenhum momento minha voz tremia ou deixava transparecer dor. Havia apenas resignação.

Apertando o lenço, faço o ferimento cicatrizar, enquanto embanho a arma branca.

- Agradeço-lhe a oportunidade e sinto se lhe ofendi ou testei vossa paciência...Bom.. Até mais ver, Descendente de Odin.. - e com um sorriso maroto, levanto para lhe mostrar mais uma vez o pano ensanguentado, que levo comigo em direção ao centro da cidade, enquanto visto a luva por cima de mão e pano. Aquilo ali valia ouro para um feiticeiro do Sabá.

E ao sair, cantarolava uma balada triste do mar. Uma rapsódia sem final feliz.

O mar...

Era realmente é onde se sentia em casa.

As ondas. O barco deslizando enquanto os ventos estudavam as velas. Aquilo sim que era vida. Os novos recrutas tinham disposição e força física excepcional, mas não precisava dizer isto a eles. Enquanto seguiam, buscava saber o máximo que podia dos dois novos.lá sombras. Sempre haviam membros do Sabá querendo se passar por fugitivos mas, seno ia que até mesmo a mulher era mais poderosa que eu próprio, apesar da Aparente subserviência comum de ambos.

Um perfeito embuste? Só o tempo diria.

Com a bússola em mãos, a pressionou com força na mão esquerda. Um misto de angústia e receio. Sabia que havia algo ali no silêncio de ambos, o que me leva aqueles dois com cautela, também admirando o horizonte.

- Vocês também tem sentido, não ? - era retórica o questionamento que rompia o silêncio.

Era sensato navegar para onde o corpo Gritava para correr? Podia ter levado o maldito cachorro.. Mas agora já era. Tinha que contentar com sua lâmina e seus homens. Rezava para que seu receio fosse apenas um pirata ou outro infortúnio deste tipo - algo que pudesse cortar facilmente.

- Sabe, o conto do feito de vocês dentro do Sabá é famoso... E ainda saíram vivos? Espero jamais ter contendas convosco, Frater.. - e toca suas costas, buscando demonstrar Empatia.

- Uma questão sem resposta, senhores.. Mas digo-lhes que o medo de algo já significa metade da derrota.. Igual este mar! Quando você não conhece, até parece assustador! - e com um sorriso quase insano toma o leme nos braços.

- Amarrem o que puderem, garotos! -e berrava contra o vento que já açoitava os coitados.

- Hoje teremos uma noite agitada!  - a expressão demonstrava a força que fazia para segurar o rumo, e em outras, soltava para que desligasse pela força do mar. Não queria quebrar o leme lutando contra a natureza.

Enquanto os demais corriam para amarras, soltar as velas e toda sorte de antecipações até que a tempestade, de fato, sobrasse sobre a embarcação.

- O segredo sempre foi seguir a maré!! E conhecer o caminho!! Chegando lá, vamos comprar algumas línguas dos ratos!! Não existe melhor olheiros que os malditos!! - Gritava quando o barco se elevava junto com uma imensa coluna de água que o levantou uns 5 metros a mais que o normal.