Salão Principal

A não vida fez tudo tomar uma nova perspectiva, para Richard. Grande parte de seus percalços, quando vivo, fora para espiar suas falhas. O "dom da noite", que recebeu de Malcolm, realmente, lhe mostrou o quanto ele desconhecia do mundo. Como a reunião para a qual se encaminhava, esta noite...

Mesmo como sargento, jamais teria a oportunidade de entrar no Louvre, pois, em sua vida mortal, este era o palácio real e sua posição e seus contatos na nobreza e entre os oficiais do exército real, eram insignificantes para lhe conceder uma visita à residência real.

Chegando ao Elisium, seria impossível, não se impressionar com toda beleza e opulência do palácio, onde, agora, eram guardadas as maiores obras de arte da França, e porquê não, do mundo.

Enquanto evoluía seu caminho para a reunião de cainitas, Richard, imaginava, como sua Annabelle, gostaria de ter a mesma oportunidade de estar em tão magnífico recinto, que abrigara os monarcas de seu país e, agora, abrigava os reis do mundo das artes e de civilizações antigas... Ele mesmo, não percebera seu ato reflexo de afagar o tórax, do lado esquerdo, como se buscasse, no coração, a memória da querida Annabelle. Mas, foi então, que sua face mudou, de admiração extasiada, para desconfiada amargura...

Richard imaginou todos os jogos e manipulações - políticas e sociais - que, ali, foram realizados e que, ainda, eram realizados, mesmo que, esta noite, fossem, os cainitas, a usufruir do local, pois, suas maquinações, eram, por muitas vezes, piores, que as dos humanos.

Seu semblante se contorcia em repulsa e vergonha, por imaginar-se conduzindo Annabelle a tal antro de devassidão e, apertando o peito, com mais intensidade, pediu perdão e, até, derramaria lágrimas, se pudesse.

Apoiado numa parede, tentando se recompor e afastar-se dos pensamentos ambíguos, lutando com o vai-vem da maré de sua mente, vez eufórica, vez melancólica, Richard, conseguiu - depois de alguns minutos, se recompor e seguiu até seus primos, agora, com a firmeza e postura, que seu passado como militar lhe possibilitava.

Perscrutou o recinto, buscando uma face conhecida e amiga. Na dúvida, sempre buscava pelo Xerife.

Enquanto isso, mentalmente, rogava, aos céus, pela benção de ouvir, mais uma vez, a voz da doce Annabelle.

Richard, você vê seu conhecido entretido numa conversa com uma das harpias e decide por melhor não atrapalhar. Nunca era boa coisa interromper as conversas de uma Harpia, não se você desse valor a sua reputação, por isso você resolver dar uma passeada pelo salão e nisso você recebe o recado de ir ao encontro da Xerife, que por coincidência estava no Elisium naquele momento. O "QG" dele não ficava lá dentro e sim em uma mansão perto dali.

Margareth de Orleans: Feliz coincidência sr. Richard. Precisava mesmo falar com o Sr. sobre algumas coisas que vem acontecendo na cidade e que no momento estou com carência de alguns algoz para tomar conta, principalmente nas partes mais nobres da cidade.

O sr. deve estar ciente que alguns cainitas que faziam a guarda de algumas famílias nobres foram mortos, mas não membros da família, o que me leva a crer que há alguma espécie de conspiração está acontecendo.

O que eu preciso de vosso serviço é ficar de olho em um evento que esses nobres estão querendo fazer amanhã. Mesmo com toda essa crise com o povo, mas de qualquer forma gostaria que o sr. desse uma investigada no local (ela diz o local), de forma discreta e se conseguir impedir a ação de algum desses assassinos, ficaria grata ao sr, mas só de saber quem são, já nos ajudaria e muito.

- Fico satisfeito que tenham recebido a tempo minhas solicitações! E ainda mais pela vossa habilidade de me reconhecer imediatamente! - Ao ser abordado pela jovem “tocada pelo fogo” segundo a cultura mortal

retiro a cartola com a mão direita enquanto a esquerda tomava sua mão, de modo delicado, levo os lábios ao encontro do dorso daquela mão sem, no entanto, retirar o olhar dos seus. Em uma mistura de cortesia e sedução.

- Encantado, mademoiselle! Não é à toa sua posição! - a elogia com uma voz suave e delicada.

Recobrando a cartola no devido lugar, enquanto oferecia o braço como apoio, como ordena a etiqueta criada naquela mesma corte.

- Compreensível que ele esteja assoberbado nas responsabilidades que a Coroa exige. - fazia com a outra mão, gesticulava como se não fosse importante sua ausência.

Era um novato na cidade luz.

- Agora sinto pesar com a notícia do ânimo de nossa senescal.. Ainda mais se tratando de um fenômeno... crônico, por assim colocar... - dizia com certo pesar e respeito, tomando o cuidado de ser um sussurro que apenas a harpia pudesse ouvir.

- Você como excelente conhecedora do ambiente local, poderia me brindar com alguma coisa capaz de mover aquela tempestade.. - e abria um sorriso cordial, de modo Sutil indicando, estava disposto a negociar tal informação.

Por um segundo, seus ouvidos escutam uma balada Johann S. Bach.

- Enquanto pensa sobre o meu pedido, não devemos desperdiçar tão nome composição! Daria-me o prazer desta dança? - convidava Zaz para acompanhá-lo.

Viggo, a Harpia com muita satisfação, se deleita com seus elogios, fazendo um charminho quando você beija a mão dela, dando risinhos e tudo o mais, e se deleita mais ainda quando você a convida para dançar, convite que ela aceita após um pequeno charminho.

Sobre seu pedido, ela pensa um pouco em quanto vocês vão dançando de forma graciosa, até que ela responde a você em quanto sorria e aproveitava a dança.

Zaz: Ha uma coisa que vem incomodando a nossa ilustre tempestade, que é o assassinato de alguns cainitas que serviam como guardiões e espiões da corte em várias famílias nobres de Paris. A Xerife também não está nada contente com isso.

Se vossa a merce souber de algo sobre isso ou como contornar esse tipo de problema, com certeza você conseguiria amenizar a tempestade.

Em quantos vocês vão dançando, você no canto do olho enxerga o Richard conversando com uma mulher de porte imponente, que todos que passavam por ela, lhe prestavam uma pequena reverência com um acenar de cabeça, e ao perguntar para Zaz quem era tal figura, ela lhe fala que é a Xerife.

Enquanto atravessava o salão, expondo a graça de sua parceira, mantinha uma postura discretamente sedutora para com ela. Nada que fosse deveras vulgar. Ouvindo o mel que saia daqueles lábios.

- Ataques centrados nos nossos... - e repetia em um sussurro, enquanto deixava escapar o pensamento.

Pelo canto de olho, observo Richard com uma mulher bastante respeitada naquele salão. Logo a Harpia lhe sana sua suspeita.

“Tal poderia ser minha surpresa de ver que meu estimado Richard, neste exato momento, encontra-se com a Xerife” - alegro-me com um sorriso bobo.

- Ali com ela está um velho conhecido.. - deixava as palavras despertarem a curiosidade, para só depois sacia-la.

- Imagino que se a Xerife, em toda sua sensatez, vai aloca-lo para fazer rondas e interrogar.. Acredito que meu amigo vai precisar de um toque mais ... Discreto... Caso nosso interesse for evitar que os responsáveis desapareçam... - dizia com um sorriso de cumplicidade.

Ela oferecia algo e eu também.

A música chegava ao fim, enquanto deixo as pontas dos dedos deslizarem por toda a maciez dos seus braços, deixando suas costas até novamente encontrar suas mãos. Sempre olhos-nos-olhos.

- Agora que consegui abrandar a tempestade, falta-me algo... - dizia ainda a encarrando.

- Diga-me... O que desejas, para que eu transforme em realidade?

-

-

Richard caminhava pelo salão, dividido em pensamentos.
Enquanto buscava um rosto amigo, divagava, admirado pela beleza das obras e da arquitetura...

- Pobres de nós, aqui, ainda residentes no reino da terra! Com tamanha beleza, buscamos trazer o divino e o magnífico para mais próximo de nós, pecadores, e, mesmo assim, falhamos, terrivelmente. Tão simples a resposta para se conhecer a perfeição do paraíso...

Arrancado de seus devaneios, um momento, pelo reconhecimento de um antigo companheiro, monsieur Sutherland. Porém, este estava numa conversa próxima com uma das Harpias e, era óbvio, tal conversa não deveria ser interrompida, se Richard quisesse manter sua boa imagem entre os imortais...

O alívio de ver um aliado, ajudará Richard a manter o pouco de foco que e a "benção de Malkav" lhe permitia... E, não demorou muito para notar outro cainita amistoso, na verdade a caríssima Xerife, que lhe fez sinal para que se aproximasse.

- Madame, Margareth. É um alívio e um grande prazer encontrá-la!

Logo, após o cumprimento, direta como sempre, a Xerife outorgou a Richard uma missão.

- Com muito gosto, faço, o que me pedes. Agora, mesmo, tomo rumo e me apronto para a vigília! Se não tens nenhuma outra recomendação, me dispesso. Com sua licença...

- Não tenho pressa em desfrutar meu desejo... Satisfação não vem da superficialidade.. - sorri, por fim.

Enquanto subiam, após o alerta de onde estavam indo, encaro como o momento oportuno. Retirando de dentro da bolsa um cartão com o endereço de um hotel no centro. Não iria adquirir algo antes de receber o aval. Sabia que poderia soar pretensioso demais.

- Caso deseje me encontrar novamente... O que também é do meu intento.. - após isto, faço questão de abrir a porta e permitir sua passagem primeiro.

Logo, enquanto seguia, permito que meus olhos vagem rapidamente pelo mar que estava a nossa volta. Como gostaria de um lugar assim para descansar.

Já próximo da mesa da anciã, permite encara-lá aos olhos por um brevíssimo instante, antes de se curvar, tirando a cartola em sinal de respeito.

- Boa noite, sra. - permitia concluir o ato, sem pressa, antes de prosseguir.

- Venho, conforme rege o protocolo da Torre de Marfim, apresentar-me diante da corte de François Villon. - permitia que a introdução fizesse seu efeito, antes de prosseguir.

- Sou Viggo Sutherland, do Clã da Rosa e, conforme havia solicitado outrora, peço a permissão de aqui residir e compor a seleta casta que compõe a Cidade Luz.- e abria as mãos, a frente do corpo, indicando amabilidade.

- Oferecendo meus serviços ao Principado caso precise de uma resolução... cirúrgica. - abrindo um caloroso sorriso.

Respondo ao elogio apenas com um discreto sorriso e meneio da cabeça. Não duvidava da tendência dos demais, todavia agia como gostaria que agissem comigo - algo natural.

Sem ter recebido o convite para tomar assento, ainda permaneço ereto, conforme ela continuava com um discurso bastante interessante, atentamente ouvido pelo imortal.

Quando a fala da Senescal se torna uma pergunta direta, sabia que ainda não tinha sua completa aprovação, que dependeria daquela resposta.

- Paris sempre foi uma cidade de Anciãos poderosos e agitação constante. Não havia de encontrar aqui, a calmaria adequada para saciar minha nova fome. - explicava sobre a própria mudança de paradigma que havia sofrido a algumas décadas.

- Apesar disto, uma carta roubou minha atenção: minha família. Ou o que veio a se originar dela... - permitia-se, sorrir antes de seguir.

- Sempre os segui de longe, auxiliando sempre que possível das sombras.. Talvez este seja minha âncora com tudo aquilo que já fui... - divagava um pouco, deixando escapar questionamentos e pensamentos ainda embaralhados.

- Uma garota... filha de minha descendência. Sozinha e perdida com a morte de sua mãe.. A última notícia que tive foi que estava em Saint Leopold, uma casa para menores abandonados. O que sabemos ser um entreposto para uma vida degradante, para minha pequena Elizabeth... - uma forma delicada de se referir a prostituição e o submundo, ao qual uma criança estava condenada se crescesse sozinha.

- Contudo, seria rude da minha parte adentrar em tempos tão sombrios, recolher o que desejo e virar as costas... - dava a entender que estava ciente do que se passava ali, sem na verdade chegar a ser explicito.

- Caso for do vosso agrado, posso me oferecer para resolver os pequenos incidentes..

Algo difícil para Richard, era manter uma conversa, quando tinha uma missão ou uma questão em sua cabeça. Infelizmente, era uma rara ocasião, onde as duas coisas lhe tomavam os pensamentos.

Com um esforço notável, para a Xerife, ele manter esse conversando o quanto ela quis, por respeito.
Mas quando esta o liberou se apressou a seguir pelo salão próximo, onde avistara Viggo, pela última vez.

Bendito, o momento, em que decidi vir, com os meus, encontrar! - pensou consigo - Mas, o quê, faria Viggo vir para Paris?

Sem perceber, Richard, estava vagando pelo salão, enquanto divagava, aguardando por seu conhecido...

Será que, monseigneur Viggo sabe de algo relacionado à minha missão? Talvez, ele fora iluminado e busca a salvação... Talvez, ele esteja fugindo de alguma situação delicada noutra cidade e, apenas, pede asilo... Talvez, ele tenha conseguido a informação do que se passa com as famílias nobres e se dispôs a ajudar... Talvez, eu possa usar sua ajuda nessa missão... Talvez, eu deva ordenar as todas as famílias se reúnam num único palacete, e obrigue os assassinos a atacar onde eu quero... Talvez, eu deva eliminar as famílias e acabar com o problema. Afinal, humanos geram outros humanos... Talvez, eu deva ouvir minha irmã e buscar uma forma de acabar com minha existência e me juntar a ela... Ou, talvez, eu deva por fogo no Louvre e eliminar todos aqui, assim, a cidade será minha! -surpreso, por onde seus pensamentos vagavam, Richard se recriminou e forçou-se a voltar à realidade.

Percebera, finalmente, que seu caminhar meditativo o levara para a porta de saída.

Apressadamente (mas sem correr), retornou ao salão, rumo à porta do escritorium da Senescal, decidido a indagar Viggo, sobre a razão de sua primeira visita à Cidade Luz.

A pergunta tentava soar tola e desprentenciosa, mas ela queria cerceá-lo de tal modo a conhecer as minhas fraquezas.

Um sorriso amplo se abre enquanto tomava assento, confortavel em um móvel de tamanha qualidade.

- Tenho alguns conhecidos entre os imortais. Até um próximo estava a tratar com a Xerife... Imagino que Richard já esteja salivando diante de um confronto! - a brincadeira subentendia que ela tinha ciência do histórico miliciano do colega Richard.

- Mantenho alguns ouvidos abertos para boas estórias mas, ao contrário do que possa supor, não tenho uma linhagem nobre ou status de sangue azul... Caso o fosse, não teria de me preocupar com minha descendência a beira de se tornar cativa em um meretrício... - e desta vez, não me esforço em esconder o descontentamento com a situação.

- Imagino que estou um pouco a margem do que tendem a imaginam ser a Rosa. - quebrava o ar pesado, desviando com uma brincadeira mais leve, ciente do preconceito de frivolidade ao qual seu clã estava exposto.

- Contudo, seria imensa generosidade se me permitisse exercer minha Ciência da Cura dentro de seus domínios. Algo que não seria apenas aproveitado pelo meu Sangue. - e, projeto meu corpo, um pouco mais para frente, ainda encarrando os profundos olhos da mulher a frente.

- Guerras não são feitas apenas com soldados...

- Pelo visto não está contente com toda essa pompa ir aqui..- diz com um pouco de ironia, brincando sobre toda aquela pompa em meio à guerra que se instalava.

Uma perfeita amostra da crescente insatisfação a volta.

- Imagino que já encontrou um motivo para nós tirar daqui... - introduzia o assunto das mortes.

- Bon soir, Viggo! - saudou, o impaciente Richard - se terminou seus assuntos por aqui, venha comigo! - ele tomou o amigo pelo braço e o conduzia para a saída do Elisium - Conte-me, o quê o traz a Paris, ainda mais, num momento tão conturbado?

Richard, realmente, queria saber sobre seu estimado aliado, mas, no momento, o que mais lhe interessava era seguir para as ruas e deixar o antro de fofocas e negociatas, que era o Elisium.

Dependendo dos negócios e da disponibilidade de Viggo, talvez, Richard poderia recrutá-lo, já que isso aumentaria a confiança da liderança da cidade no Toreador recém chegado.