Escritório Senescal

O Escritório da Senescal é uma sala simples, sem grandes adornos decorativos a não ser uma quantidade enorme de livros, dos mais variados títulos, indo desde romances gregos até livros sobre medicinas e religiões.

Todos os móveis são de madeiras de lei, envernizados para parecerem mais claros do que realmente são, e todos estão distribuídos de maneira praticamente simétrica, onde de sua mesa, a Senescal possa olhar a tudo e a todos na sala.

As únicas peças decorativas naquela sala, é um quadro com o brasão da família Orleans, com moldura da mais fina prata e esmeraldas. Não havia nada de ouro naquela sala.

Um fato curioso para o escritório, é o fato de ele estar no 3º andar do prédio e ser cheio de janelas, e quase nenhuma cortina, impossibilitando talvez o seu uso por ela durante o dia.

A dupla de ex-combates são recebidos imediatamente pela Senescal visto Villon por uma infelicidade não estar nesse dia, e após uma pequena explicação, Margareth que Richard, que era um frequentador um pouco mais assíduo do que Viggo, vá chamar um pessoa chamada Genevieve e que a trouxesse aqui.

Quando Genevieve é trazida a sala, a Senescal pede a uma das Harpias que avise a qualquer um que entrar que desejar falar com ela, que a mesma estará ocupada pela próxima hora pelo menos.

Margareth após fechar a porta, volta a sua mesa e encosta-se a mesa, e cruzando os braços, olhando com olhos de águia aos 3 presentes ali, começa a falar:

Margarteh: - Pois bem, esse é um assunto deveras complicado, e mais complicado ainda pois o senhor Villon está em um compromisso fora da cidade e não ficará sabendo dos acontecidos pelas próximas horas ou noites, dependendo da velocidade do mensageiro.

Fazendo um resumo para que a sra Clermont, os dois estavam já no meados da noite quando foram abordados por uma "brincadeira" do povo das fadas ou seja lá que nome vocês Toreador gostem de dar a essa criaturas estranhas. Mas em fim, logo após essa Brincadeira, vocês encontraram o corpo da Harpia no chão, a principio achando que estava morta e depois verificando que ela ainda estava viva, e a levaram para o refúgio de vocês.

Em quanto o sr. Viggo continuou sua ronda, o Sr. Richard ficou na casa e começou a estudar o corpo da Harpia. Mas o que eu não entendi, foi o porque de o médico ter ido fazer a ronda e o militar ter ficado... Mas tudo bem. Nessa análise você, sr Richard, conseguiu perceber que a Harpia havia segurado a tal adaga, que vocês dizem mexer com a nossa besta interior, por causa que os ferimentos em suas mãos eram de queimadura, como se tivesse empunhando ferro quente, em quanto no corpo havia marcas de corte.

O que me chamou mais atenção foi o que vocês falaram sobre as roupas dela não terem sido também fatiadas pela tal adaga, tendo a mesma somente atingido o corpo.

Após isso, ela para de falar e fica em silêncio esperando alguma explicação extra de ambos os cainitas, ou se não tiverem, ela iria dar sequências suas explanações.

Genevieve encontrava-se a admirar as belíssimas artes pelos corredores do Elysium quando foi abordada por um homem de aura intensa, porém empalidecida, cujas cores indicavam certo grau de nervosismo. O homem, que não era estranho aos olhos da jovem, pois o reconhecera de outras ocasiões no local, apresentou-se como Richard e a acompanhou ao Escritório da Senescal, onde sua presença fora requisitada.

No escritório em si, poucas peças tiveram qualquer atenção de Genevieve – seus olhos se demoraram brevemente nos romances Gregos que reconhecia e no quadro com o Brasão da Família Orleans, sobre qual secretamente considerava a moldura mais bela do que a pintura a que fora atribuída. Após poucos segundos de admiração, voltou seu olhar para Margareth e, após uma cortesia digna de uma nobre francesa, finalmente cumprimentou o desconhecido que estava na sala com um aceno de cabeça e um sorriso contido.

Quando a Senescal inicia suas explanações, os olhos de Genevieve voltam a se fixar em sua imagem, absorvendo cada detalhe que está sendo relatado, ocasionalmente arriscando olhares de relance para identificar as expressões dos outros dois cainitas.

Genevieve observava os passos do desconhecido enquanto ele se justificava, aparentando desconforto com as acusações da Senescal. Enquanto rodeava o grupo, esclarecia os acontecimentos e desenvolvia teorias acerca do ocorrido com a Harpia. Os olhos da jovem emitiam flashes de curiosidade ao ouvir as especulações sobre o ataque, e alguns detalhes lhe saltavam a mente: a presença do povo dos sonhos, as mãos queimadas e as roupas intactas, principalmente.

O cainita seguiu com sua ilustração dos ferimentos da Harpia, através de uma abordagem clínica – simples e direta. Ao finalizar, Genevieve se viu no centro da atenção do médico: olhos fixos, buscando os dela, e uma expressão ávida.

“Enchantée, Monsieur Sutherland. Me chamo Genevieve de Clermont.” – Ao falar, sua voz ecoou em um tom musical, ainda marcado por traços de um francês muito antigo, e seus olhos se fixaram brevemente nos dele, fornecendo a oportunidade para Genevieve estudar melhor suas feições. Enquanto retribuía a cortesia, iniciou suas indagações: “Se me permite a curiosidade, monsieur, onde está a adaga? Estava divagando sobre os tipos de ferimentos: por todo o corpo existiam perfurações, com exceção das mãos, que apresentavam queimaduras, d’accord? Me pergunto o que teria causado os diferentes ferimentos... Alguém chegou a tocar na arma?” Ao terminar suas observações, desviou os olhos que ainda fitavam o médico e examinou as expressões dos três presentes na sala, buscando maior compreensão dos fatos e de sua função na situação.

Genevieve contemplava a situação que estava se desenrolando em sua frente. A adaga em si despertava sua curiosidade e, após a descrição de Monsieur Sutherland, a jovem se perguntava o que uma Harpia estaria fazendo em posse de um artigo tão singular. Um leque de possibilidades se abria em sua mente, enquanto pensava nos bons frutos que colheria ao resolver uma situação desta estirpe.

    – Eu ficaria encantada em prestar auxílio, Monsieur. Acredito que a Senescal me convocou especificamente para este fim. Talvez devamos lidar primeiro com a Harpia antes de arriscar encostar na adaga... O senhor me conduziria até o local?  – Virando-se novamente para a Senescal, acrescentou: Evidentemente, Madame, apenas se for de seu agrado.

Enquanto falava, Genevieve fazia uma leve reverência à Senescal e se colocava ao lado de Viggo, já elaborando a estratégia para lidar com a Harpia.

Escutando e mais do que isso, observando o comportamento de todos ali presente, a Senescal pareceu não piscar uma vez sequer, e nem mesmo descruzou os braços e saiu de sua posição.

A única vez que ela levanta um pouco a sobrancelha esquerda foi quando uma descrição mais completa da adaga foi dada, principalmente quando falado que a adaga amedrontava a besta interior de quem chegasse perto da mesma. Levantamento esse também questionado pela bela Toreador sobre como uma simples Harpia tinha conseguido acesso a uma arma desse nível. Um enigma a ser resolvido o quanto antes.

Margareth: - O ponto de vista da sra Clermont é muito válido. A srta Zaz é uma das nossas Harpias mais novas, tendo ocupado o cargo quando a Srta Montrey pediu para sair. Mas isso não é o que mais me preocupa, e sim se a pessoa que está por trás desse acontecimento, pois disso tenho certeza, querer recuperar tal objeto e eliminar as provas que a mente e o espírito da Harpia podem ter guardado. Será que ela é uma cumplice ou somente um peão nas mãos de gente mais poderosa?

Seu papel Sra Clermont, é saber exatamente isso, utilizando de seu conhecimento na arte que vosso Clã domina. Em quanto o papel dos outros dois será mantê-la segura e também ajuda-la na investigação, conseguindo uma boa quantidade de sangue para poder reanima-la mais rápido.

Sr. Soleil, o sr. será de grande ajuda se conseguir que a nossa sra Clermont fique viva e segura, pois és um combatente deveras capaz, mas não imortal, então tome cuidado também. Depois irei querer que o senhor venha conversar conosco, para conseguirmos mais informações nos detalhes que você tem nos fornecido.

Sr. Sutherland, como médico e alguém que também parece ter algum conhecimento sobre armas brancas, gostaria que o senhor após cuidar da Harpia, a preparasse para o interrogatória da sra Clermont. Após isso serás responsável por traze-la aqui são e salva, se fores inocente, e caso não, o trio terá a responsabilidade de tirar a imortalidade da mesma.

Após isso ela fica pensativa um pouco e depois fala novamente, diretamente com Viggo:

Margareth: - Entendo seu pedido. Caso seja sucedido nesse pedido que te fizemos sobre esse caso, poderemos quem sabe investir em algo a mais para o senhor. Tenho certeza também que nossa Primigenie Malkavian irá adorar colaborar com essa ideia.

Depois de responder a pergunta do Toreador, a Senescal descruza os braços, e se dirige a sua mesa, sentando em sua cadeira e começando a anotar algumas coisas. Um sinal claro que estavam todos dispensados.

Sabendo que a melhor atitude era levar a tal adaga aos cuidados de pessoas mais poderosas e sabeis do que o trio, o mesmo a leva para a Senescal, esperando que ela os pudesse orientar sobre o que fazer com a Adaga e também precisavam relatar o que ouviram sobre o ocorrido, que a Harpia poderia ter-lhes contado.

Para a surpresa do trio, o Próprio Villon estava junto com a Senescal, e sua expressão era a de poucos amigos. Algo grande ocorreu nas terras dele, pois a tentativa de assassinato da Harpia não era uma coisa a ser ignorado. Ainda mais com toda a revolta humana que estava ocorrendo em todo o País, principalmente sem sua cidade, e sabendo que havia muitos cainitas por trás de tudo isso, inclusive alguns deles querendo a sua cabeça.

Villon:Parece que vocês fizeram um bom trabalho com o pouco de conhecimento que possuem, e por isso serão reconhecidos. Porém a parte de vocês dois - Nisso ele aponta a Richard e ViggoAcaba por aqui. O sr Viggo ficará sob os cuidados de mademoiselle Sara Alburquerque, a representante do Clã Malkavian na cidade. Já que ambos tem o interesse sobre a medicina.

Já o sr. Richard, servirá como escolta para a mademoiselle Clemort até Calais, onde ela irá pegar um barco e ir para Londres com a Adaga. Há um conhecido meu por lá que ficará muito satisfeito em analisar esse objeto, visto ser um ferreiro e um exímio conhecedor de laminas.

Após a escolta, Sr. Richard voltará para a sua patrulha normal pelos próximos dias, mas quero que fique em prontidão para ir a Londres também a qualquer momento, para acompanhar a mademoiselle Clemort se ela assim precisar.

O lendário governante de Paris não havia dado espaço para nenhuma possibilidade de contestação de suas ordens. Até mesmo a Senescal que emanava poder e sabedoria normalmente, naquele momento ela parecia mais uma neofita perante ele. A sua presença na sala era sufocante sem ao menos precisar qualquer poder além de sua própria personalidade.

Genevieve andava pelos corredores, rodeada por Louis, Viggo e Richard, em direção ao Escritório da Senescal. Ela havia orientado os demais a não chamar muita atenção em sua movimentação, afinal ainda não sabiam o mandante por detrás do ataque com a adaga, e por isso a marcha até o local havia demorado um pouco mais do que o necessário: algumas paradas desnecessárias para cumprimentar passantes ou admirar belas artes foram adicionadas para florear e esconder o real objetivo de sua visita. Louis carregava a adaga embrulhada, imitando o embrulho de uma pequena escultura, a fim de carrega-la com a desculpa de ser um pequeno presente para a Senescal, evitando que olhares mais aguçados e mentes mais curiosas espalhassem boatos sobre a adaga por toda França.

Ao chegar no Escritório, foi com surpresa que Genevieve se deparou com o Príncipe Villon, o qual pensava ainda estar fora da cidade, e sua esmagadora autoridade – sem contar com o terrível humor. Após uma reverência, a qual foi perfeitamente sincronizada com a reverência de Louis, disse:

– Vossa Majestade, é um grande pesar que circunstâncias tão inoportunas sejam o motivo de nossa reunião. A Senescal solicitou minha assistência a este caso ainda no início desta noite, e venho reportar minhas conclusões. – Com um olhar para Louis, o mesmo se aproximou cautelosamente da mesa e começou a desembrulhar a adaga, tomando o cuidado de não encostar na mesma. Ao terminar, fez uma reverência e saiu da sala, aguardando Genevieve no corredor. Enquanto isso, a cainita continuou falando: – Sugiro que ambos mantenham certa distância da adaga, pois ela nos causa efeitos abomináveis. Esta é a adaga que Monsieur Sutherland e Monsieur Soleil encontraram ao lado do corpo da Harpia. Tomei a liberdade de embrulhá-la de forma discreta para evitar especulações dentre os frequentadores. Após uma análise superficial, concluímos que a adaga afeta nossa Besta interior e causa ferimentos em nosso corpo mesmo após um simples toque. Fui enviada para realizar o interrogatório de Mademoiselle Zaz, a Harpia, e o relato dela foi confuso e com grandes espaços de tempo faltantes, como se sua memória houvesse sido alterada. Ela citou Monsieur Skarsgård, porém acreditamos que a lembrança de conversar com o Tremere tenha sido implantada pelo verdadeiro culpado, com a finalidade de desviar nossas atenções para um tipo mais em evidência. Também concluímos que a Harpia é inocente, porém ainda necessita de cuidados e segurança. Estas são minhas poucas conclusões sobre o ocorrido, Vossa Majestade.

Genevieve observou enquanto Villon, muito estressado, dava as ordens para os seus próximos passos. A ideia de mudar-se para Londres não lhe apetecia, mas não mostraria descontentamento na frente do Príncipe – principalmente ao lhe ser atribuída uma tarefa de tamanha importância. Apenas alguns detalhes lhe incomodavam, então voltou a falar com o Príncipe.

– Vossa Majestade, será uma grande honra me encarregar deste assunto em Londres. As minhas funções se resumem à Adaga, ou há mais algum assunto que vossa Majestade gostaria que eu me encarregasse?

O lendário governante de Paris não esperava que alguém o retrucasse, e realmente ninguém o fez. Todos haviam concordado com seus comandos. Mas a protegida da Rainha de Champagne havia tomado a dianteira e ido além. Não havia somente baixado a cabeça e aceitado as ordens, ela havia se colocado ao dispor e perguntado em que ela realmente seria útil em Londres, e para essa pergunta a rosa suprema de Paris já tinha pronta a resposta.

Villon:- Mademoiselle Clemort. Sua função na cidade de Londres será muito mais do que uma simples mensageira, se pensou nisso, ficarei um tanto quanto ofendido. Não, você é filha da Rainha de Champagne, então você jamais será uma simples mensageira. Sua real função em Londres será dar apoio a Mademoiselle Henriqueta da Bretanha, a nossa representa que ocupa o cargo de Primigenie na cidade. Já que a cidade está passando por momentos turbulentos, por que não fortalecer nossa posição por lá.

Esse já era um objetivo que eu vinha pensando com sua Mentora faz algum tempo, apesar de saber de sua paixão pela nossa cidade, que infelizmente ou felizmente vive as sombras de um grande acontecimento, que marcará a história da humanidade. Mas esse acontecimento também marcará a nossa, pois muito sangue ainda será derramado.

Monsenhor Soleil, em meus planos originais eu havia proposto que você somente a acompanhasse até o porto e voltasse, mas pensando bem, creio que será uma excelente oportunidade para o senhor também, vivenciar a vida em Londres.

Acredito que será uma ótima experiência a ambos.

Então se não tiverem mais nenhuma pergunta, eu sugiro que se apressem, pois já há um barco real esperando vocês no porto de Calais.

Ao dizer isso, ele na verdade nem espera uma respostas de vocês e já começa a conversar com a Senescal, que lhes olha com um olhar de dispensa.

Dizer que Genevieve estava meramente satisfeita por ter permissão de voltar à Paris era eufemismo – a Rosa brilhava de satisfação, especialmente porque voltava com sua missão cumprida. Apesar da viagem, sua aparência estava impecável, vestida para a Corte: ela, inclusive, se elogiou mentalmente por ter exigido de suas criadas tamanha perfeição em seus arranjos no início da noite.

O Salão Principal do Elysium estava moderadamente cheio, como o comum de todas as noites. Genevieve reconheceu algumas faces e cumprimentou-as, porém, à distância: não seria distraída de suas funções, e desta vez se encaminhou direto para o Escritório da Senescal, onde era esperada. Ao seu lado, Louis andava em sincronia com sua senhora, carregando a Caixa que continha a adaga de forma que não chamasse atenção desnecessária para seu conteúdo. Chegando nas portas do Escritório, aguardou autorização para adentrar o recinto.

Genevieve chega ao Elisium onde por muitos foi uma visão diferente pois esperavam ela tão cedo em Paris novamente, pois uma guerra se formava e só ficou mesmo na cidade quem tinha assuntos importantes a serem tratados na mesma.

Mas a Senescal e o próprio Villon pareciam espere-la. Esperta como era, Genevieve sentiu euforia em saber que eles já esperavam que ele não demoraria mais que 2 dias para cumprir a missão dada. Que apesar de não ser realmente uma missão das mais difíceis, poderia com certeza haver alguma dificuldade. Outra coisa que chamou atenção da bela Rosa é o fato de que sua mentora estar ali.

Genevieve sabia disso antes mesmo de entrar na sala, e quando entra a sra de Champagne não esconde o sorriso e satisfação de poder ver sua protegida, mas Villon e a Senescal pareciam as mesmas estátuas e gelo como sempre.

Villon: - Vejo que voltou com o artefato misterioso que os srs Soleil e Sutherland encontraram junto ao corpo da Hárpia, que por sinal acabou por encontrar sua morte final no dia seguinte, mesmo com o sangue dado a ela e os tratamentos que tentamos dar, provando que estávamos certo em saber mais sobre a mesma. E espero que o sr. Anpu lhe tenha sido de utilidade, pois se ele não souber, poucos poderiam saber e em nenhum deles eu confiaria a adaga, ou pelo menos que você o fizesse, pois são pessoas perigosas, que não desejo que obtenham tal conhecimento e tal poder.

Diga-nos então madame Clermont, o que descobriu sobre esse imponente artefato?

Todos os 3 ali na sala estavam ansioso por saber mais sobre a adaga, até mesmo parecendo ter planos para algum tipo de uso com a mesma.

Adentrando a sala, Genevieve e Louis fizeram a reverência indicada ao trio que se encontrava à sua frente. O Príncipe Villon sentava-se à mesa da Senescal, com uma expressão neutra que não entregava nenhum sentimento; a própria Senescal encontrava-se imóvel ao lado dele, com a mesma expressão facial – porém seus olhos entregavam uma leve tensão, que Genevieve logo associou à possibilidade de desagradar ao Príncipe, que não portava seu lendário comportamento charmoso. Sentada na única outra poltrona presente no recinto estava sua mentora Hélène la Juste, que lhe sorria abertamente, seu semblante tranquilo passando a certeza de que sua protegida havia cumprido a tarefa que lhe fora dada.

Após as devidas mesuras, Louis adentrou a sala apenas o suficiente para depositar a caixa contendo a adaga respeitosamente na única mesa disponível no centro do ambiente, e então, após uma reverência final de despedida, fez o que fora treinado para fazer: deixou os cainitas com seus próprios assuntos e foi se postar ao lado de fora da sala, fazendo guarda à porta e esperando Genevieve. A Rosa então foi recebida pelo Príncipe, que lhe informou sobre a morte da Harpia e lhe cobrou o resultado de sua tarefa. Genevieve sorria contidamente, interiorizando sua satisfação por trazer não só o resultado de uma tarefa, mas também informações importantes relacionadas à outra tarefa que lhe fora atribuída.

– Mon prince! Eu estou encantada em poder retornar à França, mesmo que apenas por um curto período. Esta noite estive em companhia de Monsieur Anpu, como Votre Altesse havia me enviado. A origem da adaga é um povo nativo do Novo Mundo, mas especificamente o Sul das Américas. Monsieur Anpu a descreveu como uma adaga ritualística, criada a partir de vitae de muitos sacrifícios, porém talvez a informação mais importante seja a seguinte: ela possui uma adaga gêmea, feita de prata, e Monsieur Anpu acredita que, juntas, ambas possuem um potencial de destruição inimaginável, podendo ser utilizadas inclusive contra anciões. A Harpia foi afetada pela adaga pois apenas sacerdotes escolhidos pelos Deuses podem manuseá-la, e quanto menos humano for o portador, maior a extensão dos ferimentos causados. – Genevieve falava calmamente, extasiada por voltar à falar em seu amado francês antigo, porém expressando o maior número de detalhes possível, a fim de parecer informada e esbanjar seu sucesso em missão.

A Rosa aguardou enquanto os presentes processavam as informações dadas a ela, e então prosseguiu, agora com a informação que coroaria seu retorno à Paris e, possivelmente, alavancaria seu status tanto em sua amada cidade, quanto na enevoada Londres.

– Em relação à minha outra atribuição em Londres, Votre Altesse, também trago informações acerca da sociedade cainita londrina. Como minha atribuição era auxiliar Madame Henriqueta, tive acesso à informações interessantes acerca da tensão que se instaurou em Londres devido à ausência de Prince Mithras. Os Primogênitos estão contestando a eficiência de Monsieur Valerius, o Senescal. A chegada de um Tremere em Londres trouxe esta tensão à superfície, pois ao permitir a permanência de um Tremere na cidade, Valerius quebrou um acordo com os Gangrel e Nosferatu, e há sérios riscos destes Primogênitos retirarem seu apoio ao Cetro. O Primogênito Ventrue e nossa Primogênita da Rosa estão movendo suas peças no grande xadrez londrino para tomar o Poder na cidade. Madame Henriqueta parece não ter entendido exatamente o que minha presença em Londres significa em relação a seu apoio ou não ao golpe, Mon Prince... Porém é necessário que eu lhe passe todas as informações possíveis, e certamente é relevante dizer que Madame Henriqueta não parece ter condições de controlar a cidade de Londres, já que mesmo em seu próprio domínio não é respeitada o suficiente... Houve um ataque na Mansão das Rosas Brancas noite passada, e eu mesma fui um dos alvos. Monsieur Pierre de Nassau encontrou a morte final, e meus aposentos foram revirados, algumas roupas destruídas... E o culpado ainda não foi localizado ou punido. Monsieur Mormont auxiliou em minha proteção por essas duas noites, e eu estava com ele no momento do ataque, assim evitando que eu sofresse mais do que a perda de minhas belas vestimentas.

A sala estava quieta, um pouco tensa com a explicação de Genevieve, afinal um artefato de tamanho poder ter vindo parar "do nada" em Paris, os deixava um pouco assustados.

As explicações da Toreador ao mesmo tempo explicava muitas coisas, ao mesmo tempo levantava mais dúvidas. Principalmente com relação a Harpia, já que não era uma cainita antiga e não deveria ter uma Humanidade tão baixa.

Mas o mais importante era como a adaga havia parado em Paris e facilidade que os dois Ancillae haviam a achado, como se a adaga quisesse ser achada e trazida ao cerne da Camarilla da França. E isso era preocupante, ainda mais pela instabilidade política que o País vivia.

Villon: - Interessante e ao mesmo tempo preocupante essa sua explicação mon cherry. A forma como esse artefato veio parar aqui, ainda mais sendo o arauto do assassinato de uma Harpia desse Elisium, muito me preocupa, e ainda mais com a facilidade que ele foi achado, como se ele quisesse ter sido achado.

Sobre esse artefato gêmeo, terei que pedir que você espere um pouco antes de ir embora, para que possa descrever para um desenhista, para que ele possa nos dar uma imagem e com isso eu poder mandar um equipe em busca desse perigoso artefato.

Agora quanto a Henriqueta, muito cuidado pois por mais hábil politicamente que você seja, ela é uma cobra que pica qualquer um que tente ficar em seu caminho. Ela pode jogar toda a mansão das rosas contra você rapidamente, mesmo com a influência de Mormont. Que alias é uma pessoa que você deverá ficar sempre perto, e quanto ele permanecer por lá, pois ele está investigando a mando da Justicar Violleta, a respeito da trama de um possível golpe. Ninguém quer ver um Mithras furioso quando voltar de suas andanças.

Fique de olho em tudo o que acontece por lá, Mormont irá lhe informar meios de se comunicar comigo sem que Henriqueta saiba, e se algo realmente sair do controle por lá, peça ajuda de Mormont e de qualquer outro aliado que você possa conseguir, e peça uma reunião do Clã e diga que tem meu apoio e de sua mentora, que deve estar ansiosa por querer lhe falar. Para isso deixaremos vocês duas sozinhas para que possam conversar melhor.

Nisso Villon e a Senescal se despendem de Genevieve e saem da sala por uma passagem que até então a mesma não tinha reparado.

Tão logo isso ocorrer, a sra de Champagne começa a falar:

Sra de Champagne: - Estou muito orgulhosa de você minha filha, e temi muito sobre o sucesso de sua missão, pois mesmo o sr. Anpu sendo conhecido de Villon, poderia não ter sido tão solicito com você.

E muito, mas muito cuidado com Henriqueta. Ela sabe que você é protegida de Villon, por minha causa, mas é, e não deve estar nada feliz com isso. Eu tenho meus espiões também por lá, mas não são de fácil acesso, por isso use os espiões de Villon para falar conosco.

Genevieve ouvia o Príncipe com uma expressão de satisfação contida, não querendo parecer presunçosa. Sabia, enquanto analisava a situação e as palavras de Villon, que havia agradado ao monarca com sua perspicácia e tomado a decisão certa em falar sobre os infortúnios de Henriqueta. Ficou satisfeita em finalmente confirmar que Mormont era de fato um aliado, e agora com potencial de estreitar ainda mais os laços desta aliança: juntos, poderiam evitar o golpe – servindo ao desejo de Villon e, também, ao propósito de Genevieve.


Se em sua última visita Genevieve havia assumido uma postura ousada o suficiente para retrucar o Príncipe, desta vez exibiu um comportamento impecável e não ousou responder após as últimas palavras de Villon, pois sabia que deveria equilibrar suas ações: ao mesmo tempo que precisava parecer enérgica o suficiente para continuar relevante aos olhos do regente, também era preciso mostrar-se uma serva dedicada para não aparentar desrespeito ou desafio à hierarquia. Portanto, quando Villon e a Senescal se posicionaram para deixar o recinto, a bela Rosa limitou-se a sinalizar com a cabeça que havia entendido sua função, enquanto fazia a adequada reverência. Pelo canto dos olhos, notou os detalhes da saída escondida que ambos utilizaram e que ela ainda não havia observado, e guardou a informação para casos de necessidade futura.


Assim que sua senhora começa a lhe falar, Genevieve novamente endireita seus ombros e assume a postura que foi ensinada por Hélène, que agora andava na sua direção portanto uma expressão de orgulho, e até mesmo alívio.


– Mère, eu não ousaria desapontá-la. Monsieur Anpu é um ser peculiar, porém a senhora me ensinou o suficiente sobre domínios e Templos de outros clãs para que meu comportamento não desencadeasse nenhum mal entendido que pudesse colocar a missão, ou a minha não-vida, em perigo. Fui très bien recebida. Quanto à Mademoiselle Henriqueta, acredito que ela ache que minha presença possa pôr em perigo sua posição no clã. – Genevieve então dá um sorriso mais sincero para sua senhora, que sempre lhe incentivou à subir na hierarquia da Camarilla – Devemos estabelecer um sinal de comunicação interno, para que eu identifique seus enviados caso entrem em contato comigo. Assim, não corremos o risco de expor nenhuma informação à falsos informantes enviados por Henriqueta. Peço que a senhora envie um sinal por cada informante seu que necessitar entrar em contato comigo: talvez um daqueles broches de rosas possa ser nossa assinatura. Mère, a senhora possui algum conselho sobre como lidar com Henriqueta?

O orgulho e a preocupação da senhora de Champagne era uma mistura perfeita nas ações dela. Tinha orgulho de sua filha, mas tinha medo, pois sabia que Henriqueta não era um flor que se cheirasse sem moderação, sendo o melhor não a cheirar por assim dizer.

Sra de Champagne: - Minha filha, sobre os espiões, quando eles forem te abordar, eles falarão a chave vinhos de Borboun quando for para você tomar cuidado com algo, ou vinhos do vale quando for seguro para você. E o mesmo você deverá falar caso pressinta algo.

Sobre Henriqueta, ela irá tentar a todo custo saber o que eu queria com você, e para não voltar com nada a contar, pode contar a ela que te chamei para lhe informar que pode ser que você possa fazer quem sabe em um futuro próximo uma viagem as américas em meu nome, e eu só não te contei por carta por ser ainda um plano a ser maturado e os detalhes dessa possível projeto não poderiam ser colocados em uma carta.

E lógico que eu também te chamei pois estava com saudades, já que faz anos que você estava na corte de Villon e eu não te via fazia um tempinho já. E ah, esse seu medalhão é lindo. Mas usa-lo como sinal, seria deveras visível para nós.

Mas quando quiser nos contatar, peça que seu carniçal arrume a corrente do mesmo em público e cite a palavra vale de alguma forma. Aí saberemos que quer nos contatar.

Voltando a falar da Rosa Espinhenta, tente ficar não muito fora e não muito no meio do caminho dela. Pois ela sabe que você foi criada a política e não iria ficar afastada da política de Londres e ela ficaria desconfiada de algum possível golpe, pois ela muitíssima paranoica. E se ficar em demasia no caminho dela, ela irá se esforçar ao máximo para te tirar do caminho, podendo arquitetar a tua morte. Então tome cuidado.

A companhia de Hélène era prazerosa, porém acima de tudo, rara nos últimos tempos. Sendo assim, Genevieve aproveitou para estender a conversa afim de aproveitar a presença de sua mentora enquanto aguardava o enviado de Villon. Além disso, esticar a conversa também significava esticar seu tempo em Paris, antes de ter sua volta para a nebulosa e sem-graça Londres decretada.

– Mère, estou curiosa em relação à esta viagem... Até que ponto há verdade nesta história para Henriqueta? E minha vinda à Paris me lembra de meus próprios demônios passados... Ethan tem aparecido na corte, seja aqui ou em Champagne?

A conversa com Hélène estava prazerosa e nostálgica, falando sobre coisas fúteis por um tempo, até que por fim vieram as duas perguntas que Hélène sabia que viriam.

Ajeitando o cabelo, e olhando pela janela como que pensando na resposta e prevendo alguma coisa que Genevieve não saberia dizer, a rainha de champagne começa a falar:

Hélène: - Ah ma cherry... a história de ir para os EUA por em quanto é uma fachada, mas pode muito bem vir a se concretizar caso precisamos, mas não é o que queremos, pois pretendemos trazer você de volta a Paris assim que possível, mas por em quanto você tem muito o que fazer em Londres. E não se engane, a Henriqueta será o menor dos problemas de vocês caso alguns rumores que ouvimos se concretizem. A ausência prolongada de Londres de Mithras, alguns ratos que sempre estiveram de olho na cidade mas nunca tiveram coragem de fazer algo, agora começaram a roer algumas cordas e isso vai ser interessante de se observar. O que o fraco do regente de lá irá fazer?

Sobre seu stalker, chegou a aparecer algumas noites ainda em Champagne e quando descobriu que você estava sob a tutela de Villon, ficou enlouquecido e havia sumido por uns tempos. E pelo que eu soube, chegou a aparecer em Paris alguns dias atrás, logo após sua partida e quando soube que você havia ido a Londres, parece que também havia se dirigido para lá. Ainda não tive notícias dele.

Bom agora chegou o momento de você poder retornar a Londres. Eu mesma tomei a liberdade de entrar em sua mente e pegar a descrição da adaga faltante. Foi tranquilo buscar essa imagem, já que você tem uma mente bem clara. Preferi eu mesma fazer isso para não ter nenhum estranho entrando em sua mente. Perdon por não ter falado nada a você.

Lembre-se que em Londres, Mormont é seu maior aliado. E o destino me mostra que aliados inesperados poderão aparecer em sua vida. E seu maior inimigo no momento é Henriqueta. Mas não se esqueça de que te falei. Londres está virando um barril de pólvora.