Introdução a Gianluca Giovanni

Passava um pouco das 20h, o clima como tradicionalmente em Londres era úmido e levemente fresco. Era perceptível uma tensão não anunciada no ar, os mortais tinham um olhar subentendido de horror, já os Cainitas tinham suas presas sempre de prontidão para a finalidade de protegerem a si e aos seus domínios, bom... Ao menos essa era a minha percepção.


Era para ocorrer tudo de forma tranquila, mas algo estava gritando aos meus sentidos que eu deveria estar preparado para tudo, por via das dúvidas achei digno não me auto-contrariar se assim posso definir, um florete e essa nova arma do submundo(soco inglês) não irão fazer mal a ninguém... mas o que sinto é que o perigo não é meramente físico e terreno. Talvez eu esteja pensando no óbvio de que como as coisas serão quando eu ao invés da avançar nas fileiras eu der um passo atrás, bem, vejamos, não existe passo atrás dentro da família, temos um propósito unificado onde alguns tem o papel de aparecer e outros de manterem-se nas sombras e sendo bastante racional, passando pela minha cabeça que eu fosse apenas mais um cabeça de bagre, por que raios me trariam até aqui, indo mais além, por que me trariam a esse mundo? Carmela me disse algo nesses últimos tempos que guardei, que devemos sempre muito escutar, mas jamais revelar nossos pensamentos, exceto claro, se os anzianni assim desejarem, mas não é o caso.


Observarei, e tentarei fazer de Matteo alguém que eu possa ter boas relações, e creio que o contrário não haveria porque, somos poucos e se começássemos a lutar contra nós mesmos, facilmente a Camarilla ou o odioso Sabá nos massacrariam rapidamente.


Devo ir andando, e levar alguns lacaios da família comigo, afinal qualquer um sozinho é uma presa muito fácil, mas não ficarei esperando como um palerma, minha missão é fazer com que os desejos da família se cumpram, logo é de bom tom verificar o perímetro afim de evitar algum contra tempo. Afinal de contas, a família Giovanni é conhecida por ser articulada e por não jogar para perder... Acredito que posso adquirir algumas boas informações ao visitar alguns velhos conhecidos do submundo...


Já pensei demais, agora é hora de agir... “Uomini, non abbiamo tutto il tempo del mondo... Andiamo, andiamo”

Bem, é hora de verificar se foram realizadas as minhas solicitações, tudo deve estar perfeito para a chegada de Matteo... Mas que inferno, não consigo tirar aquele maldito sonho, ou premonição, da minha cabeça, os malditos Capadócios tinham visões de um futuro terrível, e que de fato aconteceu, e bem ou mal, temos o sangue deles em nosso corpo, não correndo, afinal estamos mortos. Não sei se me preocupo de fato com isso, o problema é que não consigo deixar de pensar, acho que algumas leituras rebuscadas num momento mais oportuno poderão ser úteis, mas nesse momento o foco é o objetivo e os planos da família, não posso pensar em decepcionar meus primos e meus anzziani, senão, minha ascendência pode estar condenada.


“Avisem o cocheiro que estamos em breve de partida até as docas, irei avisar e pedir a benção de Don Césare, e reforçando, estejam muito atentos o tempo inteiro a qualquer coisa estranha”


Ao caminhar por dentro da mansão e chegar até os aposentos de Don Césare, bato na porta e penso se relato o meu sonho ou não, minha vontade é de que sim, por dois principais motivos, o primeiro é que a sabedoria e conhecimento de Don Césare sempre dará uma resposta interessante a quaisquer dúvidas, e a segunda, é que nada que possa ser útil deve ser ocultado daqueles que são da família.


“Don Cesare, con il tuo permesso, posso entrare?”