Obsidian Manor

Localizada em East London está uma imponente mansão conhecida pela vizinhança como Obsidian Manor. Rumores dizem tratar-se da casa do dono de um dos maiores bancos da Inglaterra, mas raramente se vê os donos ou mesmo hóspedes por ali, apenas a criadagem é vista entrar e sair do local com frequência.

Ainda assim, as luzes permanecem acesas durante toda a noite, a casa sempre pronta para receber quaisquer que sejam os proprietários.







Havia algum tempo. poré,. que a calmaria de sempre na mansão estava perturbada. Volta e meia se via um criado correndo para um lado ou outro, garantindo que nada estava fora do lugar - a casa não estava mais vazia como de costume.

A carruagem em que estavam Gustaff e duas outras pessoas para em frente à mansão. Durante todo o trajeto o Lasombra estivera em silêncio, lendo o contrato e ponderando sobre a conversa com os membros da Companhia das Índias Orientais. Uma vez que chegam ao local ele sem cerimônia alguma sai da mesma e entra na mansão, enquanto o outro homem ajuda uma linda mulher a descer os degraus.




Uma vez dentro da casa, na sala de estar, o homem se dirige aos dois num tom duro de alguém acostumado a comandar e não ser contrariado.

- Hans e Elise, tenho tarefas a vocês dois. As negociações na EIC foram frutíferas, mas não tanto quanto eu gostaria. Ainda tenho muito o que fazer antes de deixar essa cidade e vocês dividirão um pouco desse fardo comigo. Espero que estejam à altura dos desafios, sabem bem que espero nada menos que a perfeição daqueles que me servem diretamente.

Ele se dirige primeiro ao homem.

- Em primeiro lugar, meu projeto para a França em nada andou com esse acordo. Use de nossos contatos para saber quem possui um estoque considerável de ópio que dele se possa desfazer, Hans - ou que nós possamos fazer com que dele se desfaça. Quero ao menos três nomes antes da próxima noite. Pode nos deixar.

O homem simplesmente acena com a cabeça e imediatamente se dirige para fora da casa. Uma vez que está sozinho com a mulher ele se aproxima dela e indica a ela o divã na sala. A mulher se deita e retira o cabelo que lhe cobria o pescoço, acomodando-se enquanto Gustaaf se aproxima e crava suas presas. Um suspiro quebra o silêncio da sala, enquanto ele se alimenta por alguns minutos.

Tão logo o processo termina ele se senta e toma um lápis e papel sobre uma mesa, fazendo um desenho - o símbolo que vira nos anéis dos membros que o receberam na sede da EIC.

- Elise, preciso saber o que significa esse símbolo. Todos os Ventrue - presumo que o sejam, ao menos - na Companhia possuíam um anel ostentando-o. Utilize seus clientes e descubra seu significado. Pode não ser nada, mas pode ser algo que me dê algum tipo de vantagem quando tiver que lidar com eles outra vez. Não quero que durma antes de fazê-lo.

Ele se levanta e pergunta com um sorriso malicioso nos lábios:

- Como estou? Minhas vestes são suficientes para conhecer a escória de Londres?

Elise se aproxima e alinha as roupas do Lasombra, delicadamente.

- Como sempre, meu senhor, impecável. Irei agora mesmo descobrir do que se trata esse símbolo - conheço diversos membros da Companhia, algum deles certamente saberá me dizer.

Gustaff se dirige em direção à saída, dizendo:

- É o que espero. Tenho certeza que depois de tantos anos me servindo você entende quando digo que algo é de suma importância. Estarei na região das docas. Caso descubra, volte à mansão e espero por mim.

Ao chegar, Gustaaf despensa o cocheiro pelo resto da noite - não iria mais deixar a mansão pelo resto da noite. Ele entra e segue direto a seu quarto, sem trocar um olhar sequer com qualquer um dos criados - estavam todos já acostumados a lidar apenas com Elise ou Hans, a não ser que algo não estivesse ao gosto do Belga, e ninguém queria que algo assim ocorresse.

Em seus aposentos ele passa a revisar mais uma vez as condições do contrato com a Companhia das Índias.

Gustaaf ouve atentamente as palavras de Hans, sem interrompê-lo. Estava satisfeito com o desempenho do carniçal, mas não o demonstrava - na verdade, Hans entendia a própria ausência de reprimenda como sinal de aprovação.

- Está bem. Amanhã tenho um encontro com um corsário recomendado pelos membros da própria companhia das Índias, mas não posso colocar todos os meus ovos em uma só cesta. Durante o dia converse com ao menos dois desses navios que fazem negociações por fora de seus contratos com a HBC e descubra se entregam em França e seus preços.

- Pode se retirar, e garanta que ninguém me perturbe. Como sempre, apenas Elise é permitida em meus aposentos enquanto for dia.

Tão logo o homem deixa o quarto, um amplo cômodo que ficava no centro da casa sem nenhuma janela, Gustaaf se deita sobre a cama de lençóis rubros que ficava no centro. O peso do início do dia já pairava sobre seu corpo, sua consciência lentamente o deixando. Em alguns poucos momentos, tudo que resta ali é seu corpo sem vida aguardando o próximo pôr do sol.

De uma vez Gustaaf se levanta da cama, pois não havia tempo a perder. Ele escolhe uma muda de roupa e se limpa meticulosamente com um pano. Uma vez vestido ele aplica uma dose de um perfume de sândalo e deixa o quarto.

Ele busca um criado pela casa, instruindo-o a convocar Hans e Elise até a sala de estar - ele tinha novas tarefas para seus carniçais, caso tivessem concluído as que haviam sido dadas na noite anterior.

Ao ser informado que nenhum de seus carniçais estava na casa naquele momento Gustaaf deixa a mansão em direção ao porto.